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Delegada diz que 30% das mulheres já denunciam no primeiro ato de agressão

delegada maisa felix semdh foto jose lins (2)As mulheres vítimas de violência estão buscando a Delegacia da Mulher de João Pessoa no primeiro ato de agressão sofrido nos relacionamentos. A delegada Titular da Mulher, Maysa Félix, informou que dos 1.040 inquéritos abertos neste ano, 30% são de mulheres agredidas pela primeira vez.

“Elas estão buscando a delegacia em qualquer situação, desde um empurrão, passando por xingamentos até ameaças de morte”, afirma a delegada Maísa Félix. Em 2012, 1.600 inquéritos foram abertos, desse total o percentual foi de 20%. A Paraíba tem nove delegacias especializadas funcionando no atendimento a mulher vítima de violência contra mulher.

A delegada afirma que a denúncia tardia é uma das consequencias do próprio ciclo de violência, que muitas vezes, leva anos para romper.  “Depois de 10, 15, 20 anos de agressão, a mulher tem pouca autoestima e se sente culpada. O agressor consegue minar a autoestima e faz até ela acreditar que ela é culpada das agressões. É necessário chegar a uma agressão mais grave até ela cansar e buscar ajuda”, explica a delegada adjunta, Renata Matias, que atua desde 2009 na área.

Ela explica que a relação entre Secretaria da Mulher e Diversidade Humana e a Delegacia Mulher é de parceria constante no encaminhamento das mulheres para rede de atendimento, como a Casa Abrigo Aryane Thays e os Centros de Referência. “Atuamos em conjunto porque nós encaminhamos as mulheres por meio da Secretaria da Mulher para Casa Abrigo e também recebemos as mulheres que procuram o serviço sem passar pela delegacia”, explica.

renata matias delegada semdh foto jose lins (3)Segundo Renata Matias  já foram expedidas este ano cerca de 450 medidas protetivas para mulheres vítimas de violência neste ano. “Este é um grande dispositivo que a Lei Maria da Penha dispõe. É considerado um grande avanço neste sete anos de criação da Lei. Normalmente pedimos que o agressor se afaste do lar, corte o contato e mantenha distância da área onde a vítima mora. Se o agressor, for agente de segurança ou tiver porte de arma, haverá suspensão de porte de arma”, explica.

O perfil da mulher que chega nas delegacias é múltiplo e de várias classes sociais. “Recebemos mulheres intelectuais, mas dependentes emocionalmente. Isso significa que a violência extrapola a questão da classe social e afeta todas as mulheres. Elas estão mais fortalecidas, algumas mais decididas a viverem fora da violência. Elas querem retomar a vida”, afirma Renata Matias. 

As delegacias especializadas são políticas públicas de governo que funcionam 24 horas em regime de plantão nos finais de semana. Em João Pessoa, ligue para o 3218-5317.